Fatima Brandao procura suas galinhas no quintal em meio a um véu de fumaça dos incêndios que estão consumindo o maior pântano tropical do mundo mais rápido do que nunca.
“Nunca houve fumaça aqui. O sol brilhava claramente e o céu sempre era azul. Agora todo o morro está em chamas e a fumaça encobriu toda a área”, disse ela.
Os pântanos do Pantanal no centro-oeste do Brasil são lar de uma grande variedade de animais, incluindo onças-pintadas, sucuris e tamanduás-bandeira.
A falta de chuva neste ano fez com que a temporada de incêndios florestais começasse mais cedo e se tornasse mais intensa do que em anos anteriores, ameaçando superar os piores incêndios já registrados que, em 2020, dizimaram um terço dos pântanos e mataram 17 milhões de vertebrados.
Neste ano, os incêndios já incineraram macacos, jacarés e cobras.
Dados de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Brasil mostraram que os incêndios no Pantanal aumentaram quase dez vezes até agora neste ano. Os números acenderam um alerta, pois a região está entrando na temporada mais arriscada para incêndios florestais, que geralmente começa em julho e atinge o pico em agosto e setembro.
Brandao, que nasceu e cresceu aqui, disse que nunca viu nada parecido.
Os habitantes do Pantanal são principalmente fazendeiros, caçadores e pescadores, e estão cada vez mais recorrendo ao ecoturismo para aproveitar a rica biodiversidade dos pântanos.
A mudança climática tem ameaçado esse sustento ao aumentar a incidência de incêndios que devastam a região, matando a flora e a fauna.
“Nós estamos respirando essa fumaça. Quem vai sair para trabalhar nessas condições?”, disse Brandao, reclamando que o cheiro era acre e havia poeira por toda parte em sua casa.
Chuvas fracas têm interrompido a inundação sazonal dos pântanos do Pantanal, que são cerca de 10 vezes o tamanho dos Everglades da Flórida, deixando-os mais vulneráveis ao fogo