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Esforços de Resgate Continuam no Sul do Brasil Enquanto Enchentes Deixam Centenas de Milhares Desabrigados

Trabalhadores de resgate em helicópteros e jet skis estão patrulhando as ruas inundadas do Rio Grande do Sul em busca de sobreviventes após tempestades devastadoras atingirem a região.

No final de abril, as comportas se abriram no sul do Brasil.

Durante dias, chuvas torrenciais castigaram o estado do Rio Grande do Sul, provocando inundações generalizadas que mataram pelo menos 150 pessoas e desalojaram mais de 600.000. Algumas áreas receberam mais de 500 milímetros de precipitação – quantidade equivalente ao volume de chuva normalmente observado em vários meses nessa região.

Semanas depois, partes do país ainda estão submersas. Embora as tempestades tenham cessado por enquanto, as enchentes ainda não recuaram e os esforços de resgate estão em pleno andamento. O evento foi provavelmente relacionado às temperaturas quentes do oceano devido aos padrões climáticos do El Niño, e os cientistas apontam para a tendência mais ampla das mudanças climáticas que intensificam esses tipos de padrões naturais, alimentando tempestades recordes.

Para o boletim de hoje, estou analisando alguns dos impactos e os audaciosos esforços de resgate que estão acontecendo no sul do Brasil – e porque os cientistas dizem que este evento pode ser um prenúncio de desastres climáticos que virão em todo o mundo.

Consequências da Tempestade: Como a água ainda não recuou, o verdadeiro impacto das enchentes no sul do Brasil ainda é desconhecido. Mas as fotografias oferecem um vislumbre da devastação já vista em toda a região.

Quando a chuva parou inicialmente, os telhados das casas em Porto Alegre, a capital do Rio Grande do Sul, eram as únicas coisas visíveis nas ruas residenciais que se transformaram em canais. O estádio Beira-Rio – que sediou alguns jogos da Copa do Mundo de 2014 – ficou cheio de uma sopa marrom de água da chuva, que desde então foi drenada (embora os jogos de futebol estejam suspensos pelas próximas semanas). Diques dilapidados construídos há décadas para proteger a região das inundações falharam durante a tempestade, e agora estão fazendo o trabalho oposto, prendendo a água dentro, segundo a CNN.

Em meio ao caos, a criminalidade aumentou. Nas últimas semanas, as autoridades prenderam mais de 97 pessoas por roubo, saque e abuso sexual, segundo os departamentos de segurança da região. Famílias sem lugar para ir foram forçadas a abrigos de emergência, incluindo um ginásio universitário que atualmente abriga cerca de 6.000 pessoas que dormem em colchões espalhados pelo chão.

“Vim para cá apenas com a roupa do corpo. Nada, nada mesmo,” disse Albertina Simonetti, de 71 anos, à BBC News.

Os humanos não foram os únicos atingidos pelas enchentes; estima-se que 12.600 porcos e centenas de milhares de aves em fazendas industriais inundadas morreram no dilúvio, e inúmeros animais de estimação permanecem presos na região.

Sem chuvas ativas, a maior parte da água que ainda inunda o sul do Brasil vem do Lago Guaíba e das planícies aluviais dos rios a montante. Cientistas acreditam que as enchentes continuarão até o final de maio.

Esforços Audaciosos de Resgate: Cerca de 31.000 soldados, policiais e trabalhadores de serviços de emergência foram mobilizados em todo o Rio Grande do Sul para resgatar mais de 69.000 pessoas e 10.000 animais, segundo o exército e o governo do país.

No entanto, a desinformação se espalhou tão rapidamente quanto a água acumulou no estado do sul do Brasil. Autoridades do governo dizem que postagens nas redes sociais incentivaram as pessoas a ignorarem os avisos de emergência quando a tempestade atingiu, e novas campanhas espalharam falsamente que os trabalhadores não estão mais fazendo tentativas de resgate.

“Quando paramos tudo para responder a notícias falsas, estamos desviando recursos públicos e energia do que realmente importa, que é atender ao público,” disse o Procurador-Geral do Brasil, Jorge Messias, à Associated Press.

Enquanto os trabalhadores de resgate apoiados pelo governo continuam a patrulhar do céu, uma rede de recuperação liderada pela comunidade está crescendo no solo (e na água). Evaldo Becker e Piedro Tuchtenhagen, remadores brasileiros que competirão nas Olimpíadas em alguns meses, interromperam seu treinamento para ajudar outros voluntários em resgates e com ajuda. Da mesma forma, uma equipe de surfistas de ondas gigantes usou seu conhecimento da água para percorrer as ruas inundadas de jet skis e salvar aqueles que ainda estão presos.

“Nossa equipe chegou com força, colocando toda a experiência do surf de ondas grandes e das águas difíceis de Nazaré e de todos os lugares de ondas grandes,” disse o surfista Lucas Chianca à Surfer Magazine. “Estávamos tentando salvar vidas, apenas tentando ajudar todos aqui.”

Os animais também estão recebendo uma mão amiga: Na área de Canoas, cerca de 200 voluntários criaram um abrigo improvisado para resgatar e abrigar animais de estimação. A nação se mobilizou em torno de um cavalo apelidado de Caramelo, que ficou preso em uma estreita faixa de telhado no estado antes de ser resgatado em 9 de maio por uma equipe de trabalhadores de resgate.

Um Presságio Climático: Os cientistas ainda não estabeleceram uma ligação direta das mudanças climáticas com esta tempestade específica. No entanto, há um vasto corpo de evidências mostrando como as mudanças climáticas estão intensificando eventos climáticos extremos em todo o mundo.